Sobre a guerra todos ja sabem, mas ouvir quem viveu ali e sente na pele todas as rebarbas deste conflito humanitário nem todos pararam para ver.
O RJ4, conversou com o brasileiro Lior Vilk – adotado por um família israelense- que viveu até meses atrás em Tel Aviv e regressou para o Brasil.
Em uma conversa forte, emocionante e cheia de revelações, Lior demonstra ser sensato. Pelo seu olhar, vemos como era a vida lá e como a solução para o fim de tanta dor seria simples se não houvesse tanta teimosia e interesse das partes envolvidas.
“Eu morava no centro de Israel, numa cidade próxima a Tel Aviv. Eu trabalhava em empresa onde tinham funcionários tanto da faixa de Gaza, quanto da palestina no oeste de Israel ou até árabes que moram em Jerusalém. O nosso dia a dia era completamente normal. A gente dava risada, existia respeito entre todos.” – relembra Lior.
Lior revela um lado de Israel que não é mostrado pelo mundo.
“A população árabe conta com 20% da população inteira em Israel e francamente, vivemos muito bem!! O problema são os políticos que botam preconceito e ódio através das mídias.
Eu falo que nós estamos vivendo bem porque é o centro do nosso país porém, existem áreas onde o governo devia investir e não investe, talvez por ser cidade árabe. Assim eu sinto. Porém o centro do país é de todos e la nunca senti nada de errado. Em cenas de conflito com a faixa de Gaza, já vi o sinal nazista na entrada do banheiro de onde eu trabalhava. Então coisas acontecem e existe sim preconceito e ódio mas não é todo mundo e não tem como culpar todos por ação de racistas ou uma minoria que quer tirar a nossa paz. Porém, tem uma coisa que me perturba sim: “nagba dia”, dia que eles descrevem como o dia onde nos assassinamos todos eles. Tipo holocausto. É o que eles aprendem nas escolas. Agora como alguém cresce e age quando colocam na cabeça dele desde criança sobre o nagba?
A vida em Israel é vida boa! Somos liberais, aceitamos todos! Eu como gay sinto super de boa! Com todos. Não vejo nem sinto preconceito. Inclusive porque, o centro de Israel nao é um lugar de guerra e todos vem pra trabalhar e conseguir ter vida digna.”
O pós ataque atingiu todo o mundo. Com Lior não foi diferente. Ele nos conta sobre familiares e amigos que ficaram lá a mercê do conflito.
“Meus pais, irmãos, sobrinhos, tios e amigos moram em Israel. Parte dos meus amigos foi convocado pra servir no exército por conta da guerra.
Meus pais estão trancados no quarto blindado que temos em casa. A realidade é tão triste, que hoje é obrigatório ter quarto blindado em toda área residencial ou comercial, para que possamos nos proteger.
Graças a Deus até hoje nada de ruim aconteceu com a minha família. Alguns dias atrás, caiu um Missel no prédio da minha tia, eu achei que caiu onde meus pais moram. Eu quase morri aqui tentando ligar, mas graças a Deus todos estão bem.
O mais difícil é as crianças que estão aprendendo uma nova e triste realidade.
Perguntei mil vezes se meus pais querem vir aqui para o Brasil, mas os dois recusam. Se trata dos filhos da geração do holocausto e são extremamente patriotas. É ou viver ou morrer pelo único pedaço de terra que temos. Eles se recusam sair de Israel” – revela Lior emocionado.

Ao falar do Hamas ele demonstra sapiência ao relatar os reais motivos do grupo terrorista em sempre atacar os israelitas.
“O hamas diz, que não sabiam do festival ( a Rave Universo Paralelo) e que os terroristas descobriram do festival quando entraram em Israel. Eles chegaram e atiraram em todos- seja judeu, muçulmano, cristão, gays brancos,negros…nos olhos deles não há diferença porque o método é ass. Crianças, mulheres, velhos, deficientes…todos nós somos pecadores nos olhos deles.” – relata com pesar Lior.
Perguntado sobre a possibilidade de por fim a guerra entre palestinos e israelenses, Lior enfatiza que não seria impossível, porém um milagre definitivo chamado “Amor ao próximo” seria a cura para tantos conflitos e dores.
“Acabar com a liderança do Hamas e ajuda a colocar la o governo palestino do oeste de Israel e também investir na faixa para que os moradores de la entendam que se dá pra ensinar ódio, também dá pra ensinar amor seria a melhor solução.
Perguntado sobre sí mesmo, Lior se define :
Acredito em lendas, sou fã do amor ao próximo e aqui não mora ódio nem preconceito. Eu acredito na igualdade total. Sou um cara que não vê maldade em nada, uma pessoa mega sensível que ainda acredita no amor. Devido a nossa realidade é difícil, mas por enquanto consigo ver o amor como a maior arma para conseguirmos a paz”
Ao final da entrevista, perguntamos a Lior se voltaria a viver em Israel:
“Tenho 38 anos, nasci no Brasil e fui levado pra adoção por um casal de israelenses e agora estou de volta em São Paulo, onde me sinto em casa. Não me vejo voltando pra Israel. Amo Israel mas aqui me sinto em casa.” – finaliza ele.
Para nós brasileiros que estamos de longe de todo esse conflito e sem familiares envolvidos ja doi ver as cenas de terror mostradas a todo instante. E é um acalanto ver que alguém como nosso entrevistado, mesmo vivendo a constante ameaça aos que ama em Israel, ainda tem um coração livre do ódio que impera num solo sagrado para toda humanidade.
Em uma guerra todos perdem. Não há ganhadores.
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